O evento contou com a presença de mais de 50 expositores, de marcas nacionais e estrangeiras, e com a realização de um conjunto de palestras técnicas que foram muito participadas.
A sustentabilidade foi o grande tema em destaque no Fórum Sanitop, que reuniu mais de 1300 profissionais na Exponor, em Matosinhos, no dia 21 de outubro, entre fabricantes, distribuidores e instaladores de sistemas sanitários e de climatização e eficiência energética.
O Fórum Sanitop - reconhecido pelos profissionais como um evento de referência do setor -, regressou depois de dois anos de interrupção, devido à pandemia, sendo que esta edição apresentou uma adesão por parte dos profissionais muito significativa.
O evento contou com a presença de mais de 50 expositores, de marcas nacionais e estrangeiras, e com a realização de um conjunto de palestras técnicas, também elas muito participadas.
Numa altura em que o mundo vive preocupado com o impacto das alterações climáticas e, também, com as consequências que a guerra na Ucrânia está a ter na economia europeia, foram várias as novidades divulgadas pelos expositores, que apresentaram um conjunto de produtos inovadores que apostam na poupança de recursos, tanto a nível da poupança de água e energia, como na redução das emissões de CO2.
Das novidades em termos de produtos sustentáveis, que mereceram atenção redobrada por parte dos participantes no evento, destacamos o produto (ainda protótipo) apresentado pela B10, um fabricante espanhol, constituído por uma base do duche energeticamente eficiente que permite grande poupanças no aquecimento das águas do banho, através de um circuito que permite o aproveitamento do calor presente na própria base de duche. O produto, que se encontra em fase de testes finais, deve estar disponível no mercado já no próximo ano.
Outro sistema inovador presente neste Fórum foi o de ventilação de fluxo duplo da Aldes, um fabricante francês. Trata-se de uma solução que aproveita a energia presente no ar que é extraída para aquecer o novo ar que entra, um sistema também conhecido como permutador de fluxos cruzados. “Este sistema já se encontra em comercialização no mercado nacional há algum tempo”, destaca Francisco Regufe, do serviço de pós-venda da Sanitop.
Também a GROHE – grupo líder de artigos sanitários – apresentou no evento os mecanismos de descarga e as torneiras de banho e de cozinha, soluções que permitem poupar até cerca de 70% do consumo da água. Através de um redutor no caudal das torneiras é possível economizar significativamente o consumo de água mantendo a experiência na utilização.
Investir no ambiente e socialmente
Johan Stevens, Diretor Geral da Sanitop, sobre este tema alerta para “o impacto que as alterações climáticas estão a ter na vida do planeta e o papel que todos têm na minimização dos seus efeitos”.
Ainda sobre esta temática acrescenta: “por isso, as “questões da sustentabilidade e da responsabilidade social, dizem respeito a todos nós. Temos todos de investir para tornar o mundo melhor, tanto em termos de ambiente, como no aspeto social”.
São estas as razões que levaram a Sanitop a eleger como tema da edição de 2022 a “Sustentabilidade nas soluções e no nosso sector”, um assunto que levou as marcas presentes a privilegiarem esta vertente ao exporem as suas soluções.
Do lado das empresas e das marcas presente a realidade é que há cada vez mais soluções inovadoras em termos de redução dos consumos e de poupança de recursos, onde são visíveis também cada vez mais preocupações em termos de responsabilidade social.
No Fórum Sanitop os profissionais presentes tiveram oportunidade de ver vários exemplos desta realidade por parte dos fabricantes presentes.
Pensar a sustentabilidade de forma global
“Atualmente quando falamos de sustentabilidade estamos a pensar de forma global. Não só no aspeto de poupança de água e na redução das emissões de CO2, mas em todos os aspetos relacionados com os aspetos económicos de funcionamento das empresas, como a criação de produtos sustentáveis, que inclui a produção e a cadeia logística, mas também a criação de uma cultura de empresa”, destaca Hélder Faria, comercial da Sanitana, na apresentação técnica sobre a empresa.
O responsável acrescenta que no caso da economia e redução de água nos produtos da empresa, a evolução tem sido muito grande. E dá como exemplo a economia de água que atualmente é conseguida no caso das sanitas. “Antigamente para fazer o fluxo da água eram gastos nove litros de água, passamos depois para os seis e num futuro breve prevê-se de seja possível com três a quatro litros”, refere.
Custos de produção são preocupantes
A Cerâmica Aleluia foi um dos fabricantes nacionais presentes no Fórum Sanitop.
“A empresa está a produzir normalmente, contudo o aumento dos custos de produção - custo da energia, bem como nas matérias primas e a mão de obra - são aspetos preocupantes”, refere Carlos Caloba, diretor comercial da Aleluia Cerâmicas.
O responsável destaca que este facto faz com que a empresa tenha que com regularidade atualizar os preços dos produtos, e fazer refletir o custo no cliente.
“Neste momento o mercado da construção está muito ativo – sobretudo na conclusão de empreendimentos que estavam já em desenvolvimento – contudo, a médio prazo, a situação é preocupante. Neste momento, os resultados comerciais são bons, contudo a rentabilidade é menor”, refere Carlos Caloba.
Acrescenta que o perigo é que os produtos continuem a aumentar e chegue a um ponto em que o cliente final deixe de comprar. Por isso, “o desafio é apresentar os produtos com qualidade e bonito design para que as vendas se mantenham e não sejam penalizadas”, frisa.
O papel dos instaladores
“É importante estar presente em eventos como o Fórum Sanitop, para ficarmos a par das novidades em termos de produtos e ter oportunidade de falar fabricantes e distribuidores presentes”, destaca José Matos, diretor técnico da Planetépoca Energias, empresa sediada no Funchal.
Embora, neste momento, continue a haver “muitas obras e muito trabalho”, José Matos mostra algum receio no que pode acontecer num futuro próximo, devido ao impacto que o atual contexto económico pode vir a ter na atividade da construção e no imobiliário.
Sobre o tema da sustentabilidade, o responsável considera que “muitos clientes não estão sensíveis” a este tema e que continua a ser difícil passar esta mensagem.
Procurar novas alternativas
Na opinião de Rui Miguel Lopes Silva, sócio gerente da Pombaluz – Instalações Elétricas, a atual momento é de “desafio, que tem a ver sobretudo com os problemas da energia”. Por isso, “temos de procurar novas alternativas e soluções para reduzir o seu custo”.
Em função do poder de compra, os clientes procuram “novas soluções energéticas, como é o caso da fotovoltaica e das fósseis, privilegiando também o aspeto ambiental”, refere.
Contudo, Rui Silva destaca que cada cliente é um caso. “Temos que responder às necessidades do cliente”, e atender “ao seu poder de compra”.
Nos aspetos relacionados com a sustentabilidade considera que “o Governo tem de apoiar as famílias e empresas como acontece nos outros países da Europa”.
Os fundos de apoio à reconversão energética fecharam e, neste momento, as pessoas estão à espera que abram as candidaturas para apoiar o investimento nesta vertente, refere.
As empresas devem pensar na rentabilidade
A palestra final de encerramento do Fórum Sanitop esteve a cargo do especialista em liderança José de Almeida, da Ideias e Desafios, que deixou alguns conselhos à plateia presente, constituída maioritariamente por instaladores.
“O mercado está muito aguerrido e, por isso, os instaladores têm de trabalhar de maneira diferente”. Por isso, “nunca na vida foi tão necessário que um bom técnico seja também um bom vendedor”, referiu.
Deixou ainda o aviso: “as empresas têm de pensar na rentabilidade e para isso é muito importante que façam o planeamento das obras. É que não é por ser um bom técnico que sou um bom gestor”.
Destacou, ainda, o facto de a “sustentabilidade estar na ordem do dia, mas só por si não é suficiente para as empresas se afirmarem”. Alertando, também, que quanto mais difícil está a situação económica, mais se questiona a sustentabilidade.
Na intervenção final, Johan Stevens destacou que “apesar do momento de alguma incerteza e vulnerabilidade que se vive em termos económicos, é importante que os profissionais do setor olhem para este período por outro ângulo: é que “em cada crise há oportunidades que devemos aproveitar”. Mais importante é acreditar que cada crise traz novas oportunidades e novas tendências e uma delas é a transição energética. Por isso, é cada vez mais importante apostar na inovação, na formação, no serviço ao cliente e no cumprimento dos prazos”, frisou.
O Fórum Sanitop abriu as portas pelas 9h30 e encerrou o espaço da feira pelas 20h00, sendo que o final do evento aconteceu pelas 23h00, depois do jantar e do espetáculo.